"Silencioso: quer fechado ou aberto,
incluso o que grita dentro, anônimo:
só expôe o lombo, posto na estante,
que apaga em pardo todos os lombos;
modesto, só se abre se alguém o abre,
e tanto o oposto do quadro na parede,
aberto a vida toda, quanto da música,
viva apenas enquanto voam as suas redes.
Mas apesar disso e apesar do paciente
(deixa-se ler onde queiram), severo:
exige que lhe extraiam, o interroguem
e jamais exala: fechado, mesmo aberto."
João Cabral de Melo Neto em "Para a Feira do Livro"
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