“ Os homens podem parecer detestáveis, como as sociedades anônimas ou as nações; podem ser velhacos, tolos e assassinos; podem ter rostos ignóbeis e macilentos; mas o homem, como ideal, é tão nobre e tão cintilante, uma criatura tão grandiosa e resplendente, que, sobre cada mancha ignominiosa que tenha, os seus semelhantes devem correr a atirar seus mais custosos mantos. Aquela imaculada humanidade que sentimos dentro de nós, tão longe dentro de nós, que permanece intacta quando todo o bom nome exterior parece ter-se esvaído, sangra com a mais lancinante dor ao contemplar o indisfarçado espetáculo de um homem de bravura arruinada. Nem a própria piedade, ante uma visão tão vergonhosa, pode sufocar completamente suas censuras aos astros eu permitiram isso. Mas essa augusta dignidade de que falo não é a dignidade dos reis e mantos, mas aquela rica dignidade que não se cobre de trajes de gala. Podereis vê-la brilhar no braço que empunha uma picareta ou prega um prego; aquela dignidade democrática que, sobre todos os trabalhadores, irradia infinitamente de Deus; do próprio Deus! Do grande Deus absoluto! Do centro e circunferência de toda a democracia! Sua onipresença, nossa divina igualdade!”
Herman Melville em “Moby Dick”
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