sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

J. D. - História & poesia


“Entre outras coisas, você vai descobrir que não é a primeira pessoa a ficar confusa e assustada, e até enjoada, pelo comportamento humano. Você não está de maneira nenhuma sozinho nesse terreno, e se sentirá estimulado e entusiasmado quando souber disso. Muitos homens, muitos mesmo, enfrentaram os mesmos problemas morais e espirituais que você está enfrentando agora. Felizmente, alguns deles guardaram um registro de seus problemas. Você aprenderá com eles, se quiser. Da mesma forma que, algum dia, se você tiver alguma coisa a oferecer, alguém irá aprender alguma coisa de você. É um belo arranjo recíproco. E não é instrução. É história. É poesia.”


J. D. Salinger em “O apanhador no campo de centeio”
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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Aumentando as estatísticas



Luciana casou na quinta-feira com Evaristo. No domingo, foi assassinada por ele, na frente das filhas, com 4 tiros.
Eliane morreu com dois tiros disparados em seu ouvido por Francisco, com quem mantinha um relacionamento.
Rosângela foi esfaqueada até a morte por Francisco, seu marido e pai de seus 3 filhos.

Entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira, ao menos três mulheres foram assassinadas no estado da Bahia pelos seus companheiros. As motivações alegadas para os crimes estão relacionadas à possessividade, ciúmes, distúrbios psiquiátricos...Até quando será normal a mulher ser considerada posse de alguém, que decide sobre sua vida e seu fim?
Até quando será tão banal ler no jornal sobre crimes assim?
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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Dignidade


“ Os homens podem parecer detestáveis, como as sociedades anônimas ou as nações; podem ser velhacos, tolos e assassinos; podem ter rostos ignóbeis e macilentos; mas o homem, como ideal, é tão nobre e tão cintilante, uma criatura tão grandiosa e resplendente, que, sobre cada mancha ignominiosa que tenha, os seus semelhantes devem correr a atirar seus mais custosos mantos. Aquela imaculada humanidade que sentimos dentro de nós, tão longe dentro de nós, que permanece intacta quando todo o bom nome exterior parece ter-se esvaído, sangra com a mais lancinante dor ao contemplar o indisfarçado espetáculo de um homem de bravura arruinada. Nem a própria piedade, ante uma visão tão vergonhosa, pode sufocar completamente suas censuras aos astros eu permitiram isso. Mas essa augusta dignidade de que falo não é a dignidade dos reis e mantos, mas aquela rica dignidade que não se cobre de trajes de gala. Podereis vê-la brilhar no braço que empunha uma picareta ou prega um prego; aquela dignidade democrática que, sobre todos os trabalhadores, irradia infinitamente de Deus; do próprio Deus! Do grande Deus absoluto! Do centro e circunferência de toda a democracia! Sua onipresença, nossa divina igualdade!”


Herman Melville em “Moby Dick”
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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sobre pais e filhos



"Os nossos pais amam-nos porque somos seus filhos, é um fato inalterável. Nos momentos de sucesso, isso pode parecer irrelevante, mas nas ocasiões de fracasso, oferecem um consolo e uma segurança que não se encontram em qualquer outro lugar." (Bertrand Russell)
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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Estante



"Silencioso: quer fechado ou aberto,
incluso o que grita dentro, anônimo:
só expôe o lombo, posto na estante,
que apaga em pardo todos os lombos;
modesto, só se abre se alguém o abre,
e tanto o oposto do quadro na parede,
aberto a vida toda, quanto da música,
viva apenas enquanto voam as suas redes.
Mas apesar disso e apesar do paciente
(deixa-se ler onde queiram), severo:
exige que lhe extraiam, o interroguem
e jamais exala: fechado, mesmo aberto."

João Cabral de Melo Neto em "Para a Feira do Livro"
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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sorria, você está sendo monitorado


Câmeras em toda parte: nos ônibus, nas ruas, no elevador, no local de trabalho. Nem da câmera de uma emissora de TV escapei hoje...
Sei que é uma questão de segurança, mas...
...e as câmeras que a gente não vê (e não sabe que estão ali)?
...o que podem fazer das minhas imagens?
...e o meu direito à privacidade?
...quem vigia os vigilantes?
...subsistirá a espontaneidade neste mundo vigiado?
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Agora sou uma canção...



Sintonize o seu rádio
procure em alguma estação
se eu entrar nos seus ouvidos
acelero seu coração

Mas não esqueça de mim
agora eu corro com o vento
você não pode me ver
me guarde no pensamento

Minha voz vai se espalhar no ar
cada verso que eu cantar
os falantes te lembrarão
minha voz é canção que não morre no ar

Nunca mais vou te deixar
pois agora sou um canção

Canção que não morre no ar
China / Bruno Ximarú
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sábado, 2 de janeiro de 2010