segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Show de realidade


 Diante das imagens da tragédia, exaustivamente exibidas nas TVs, jornais e sites, não sinto nada. Ou melhor, sinto estranhamento por minha própria indiferença. Nessa nossa época, quando tudo, da mais vulgar insignificância cotidiana ao evento mais fantástico, é incessantemente fotografado, filmado, postado, “compartilhado”, espalhado como vírus, chega um momento em que os olhos saturam e o espantoso vira ordinário.
Tenho consciência de que as perdas são reais, a dor é real, mas tudo parece por demais distante e impessoal. A frenética edição dos telejornais, a busca por vítimas emblemáticas e/ou supostos heróis até então anônimos, a exposição das causas óbvias, tudo faz parecer que, sem querer, sintonizei um reality show ruim como todos os reality shows. Não há empatia – a superexposição tornou-me resistente...

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