Carolina - migrante, com pouca escolaridade, favelada, catadora de papel - conseguiu publicar, em 1960, Quarto de Despejo, posteriormente traduzido para 14 idiomas e que, com suas demais obras, já teve mais de um milhão de exemplares vendidos em todo o mundo.
Além de ser um best seller, o livro (e a própria vida de Carolina) é objeto de inúmeras teses em vários países e originou letra de samba, peça teatral, filmes e série televisiva.
Quarto de Despejo reúne, sob a forma de diário, os acontecimentos da vida na favela e as impressões da autora sobre a fome, o ambiente insalubre, o cotidiano de miséria. Mas também observa o contexto político e social da época, analisa a degradação humana influenciada pelo meio e cita clássicos da literatura.
Carolina teve publicados ainda Casa de Alvenaria (1961), Pedaços de Fome (1963), Provérbios (1963) e Diário de Bitita (1982 - Póstumo), mas nenhum alcançou o mesmo êxito do primeiro. Ela morreu pobre, na casa em que morava de favor, aos 62 anos, e deixou mais de 4,5 mil manuscritos, incluindo um romance, três peças de teatro e inúmeros poemas.
Impressionante que sua história e obra sejam praticamente desconhecidas em seu país.
“Enquanto estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num Quarto de Despejo.
Sou rebotalho. Estou no Quarto de Despejo, e o que está no Quarto de Despejo ou queima-se ou joga-se no lixo.
Depois pensei: eu não saio do Quarto de Despejo, o que posso saber o que se passa na sala de visita?
Mas ele deve aprender que a favela é o Quarto de Despejo de São Paulo. E que eu sou uma despejada.
Favela, sucursal do inferno, ou o próprio inferno.”
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